Património Cultural
Ermida de Nossa Senhora do Pilar
Localizada num monte dominante, a Sul da povoação de Algoz, a ermida de Nossa Senhora do Pilar é referência religiosa da zona. Algo modesta, compõe-se de uma curta nave, uma capela-mor retangular e um pequeno espaço de sacristia. Ao contrário, a fachada principal pretende demonstrar uma pretensa monumentalidade, que o edifício claramente não possui. Um portal principal, sobrepujado por uma leve cornija, é ladeado por duas janelas, dando, assim, uma perspetiva de espaço interior bem mais largo que a realidade. Para além disso, esta fachada é ladeada por duas torres sineiras, num claro sinal de simetria cenográfica - reforçada pela extrema elevação do imóvel, no alto de um outeiro - que contrasta com a singeleza das restantes partes. As paredes laterais, por exemplo, são desprovidas de elementos decorativos e o telhado repousa diretamente sobre as paredes, sem qualquer cornijamento de ligação.
No interior, existem alguns pormenores artisticamente interessantes, embora sem a qualidade das grandes obras barrocas do distrito. Ao nível da cobertura, enquanto a nave apresenta uma abóbada simples, de berço, a capela-mor ostenta uma abóbada hexagonal, fruto de pesquisas arquitetónicas mais eruditas, que pretenderam dotar o templo de maior monumentalidade. O retábulo-mor é outros dos elementos a destacar, na medida em que é um dos melhores exemplos algarvios onde se testemunha a transição do estilo nacional para o joanino, com as características colunas torsas a delimitar (e tendencialmente a dominar) toda a composição.
Podemos considerar este pequeno templo da vila de Algoz - dedicado ao orago da freguesia - como um testemunho interessante da religiosidade rural barroca, que aqui fez erguer uma capela modesta, semelhante a tantas outras espalhadas pela província - à entrada das povoações e em local estrategicamente dominante -, mas onde o decorativismo e a monumentalidade típicas do tempo barroco se fazem tenuemente sentir.
Autor: DOMINGUES, José Domingos Garcia
Monte da Piedade
Em Algoz foi criado, em 24 de Abril de 1702, por Tomé Rodrigues Pincho, um Monte da Piedade, destinado a socorrer os lavradores pobres em maus anos agrícolas. A instituição foi aprovada por D. Pedro II em 30 de Julho de 1704 e foi, possivelmente, a primeira do género a existir no Algarve, pois a de São Bartolomeu de Messines, além de ser mais limitada foi aprovada apenas em 1783.
O Monte da Piedade de Algoz foi fundado com um capital de trinta e três moios de trigo, para emprestar aos lavradores com um prémio de três alqueires por moio, devendo ser administrado por três irmãos da confraria do Santíssimo Sacramento, que eram eleitos anualmente, de modo secreto.
Em 1852 houve uma nova escritura da instituição em que apenas se reformulou a forma de administração dos celeiros comuns. Em 1864 nova lei deu às juntas de paróquia a administração destes celeiros. Do Monte da Piedade faz parte o conhecido “celeiro” situado numa das principais ruas de Algoz. Sobre a porta existe uma inscrição com o nome do fundador e a data da fundação, talhada em pedra. Sabe-se também que esta casa de celeiro foi doada pelo benemérito fundador.
Fotografia © Liliana Isabel Rodrigues Coelho
Outros locais
- Lavadouro Público
- Igreja Matriz da Nossa Senhora da Piedade
- Celeiro
- Ermida de São Sebastião
- As Mós
- Apeadeiro no Algoz
Lavadouro Público | Igreja Matriz da Nossa Senhora da Piedade |
As Mós - © Jovelino Matos Almeida |
© Beatriz Isabel dos Santos Godinho |